Porquê Investir?

Estava no verão de 2021 e algures nas redes sociais cruzo-me com algum contéudo de Finanças Pessoais. Não me lembro exatamente de quem era a página, no entanto, como os algoritmos das redes sociais funcionam e sugerem sempre publicações relacionadas com o que nos prende a atenção sei que passado pouco tempo estava completamente vidrado em temas de investimentos: Ações, Crédito Habitação, Despesas, ETFs, Juro Composto

Tudo eram temas que me eram familiares pois a minha formação académica era na área. Terminei os meus estudos em 2015 e apesar de até ter visitado a NYSE (Bolsa de Valores de Nova Iorque) e a Bolsa de Madrid em 2014 e ter feito um curso de Trading na University of Delaware, sempre achei que os investimentos era para empresas e fundos. Confesso que o mais perto que me passou pela cabeça quando estudava era que comprar obrigações de empresas era um produto bem mais interessante em termos de rentabilidade que os tradicionais Certificados de Aforro.

Desde que terminei os estudos e até 2021 fui poupando algum dinheiro (nada de significativo), comprei casa em 2019 (recorrendo a crédito habitação) e fui vivendo uma vida normal sem projetar muito o futuro para a frente.

Foi então em 2021 que voltei a parar e a pensar nestes temas. Lembro-me que algures nesta altura li uma notícia que falava de um simulador na SS que nos dizia quando e com que valor nos reformaríamos e foi neste momento que tive o meu 1º choque.

É verdade que o valor estimado da minha reforma é muito acima da média, pois felizmente até à data tenho tido uma carreira com excelentes condições salariais. Mas a minha data prevista de reforma é 2061 (?!) Como assim? Ou seja à data de 2021 faltavam-me 40 anos de trabalho pela frente e já me sentia completamente exausto.

Obviamente que tenho noção que a reforma anda pelos 67 anos e se eu tinha 29 anos na altura, era fácil fazer as contas. A verdade é que habitualmente são questões que não nos questionamos no nosso dia a dia nem sequer paramos muito a pensar, mas para mim foi um choque perceber que tinha mais 40 anos pela frente.

Foi neste momento em que me cruzei com páginas do instagram, podcasts e conteúdo online que comecei a pensar muito mais nestes assuntos e tentei projetar como ambicionava a minha vida para o futuro. Sempre achei que há muitas possibilidades e não nos podemos conformar com a vida que não queremos viver.

Então por um lado, reforma da SS em 2061, por outro temos a inflação que nos consome as poupanças se tivermos o dinheiro parado. Foi nesta altura que algumas das páginas que me apareceram que comecei a ouvir falar do FIRE e foi o meu momento Eureka. Basicamente podemos viver das nossas poupanças acumuladas. Se antes de 2021 me perguntassem se isto seria possível, eu diria claro que sim mas para pessoas que tivessem muitos milhões acumulados, não para qualquer pessoa da sociedade.

Na altura descobri a página da fire.pt ou dama de ouros e entendi muito rapidamente o conceito – Acumular dinheiro suficiente (património) para que me liberte através de juro/dividendos/venda de ativos o valor que eu pretendia. A teoria era fácil de entender e com uma conta rápida entendi que com 4% de rentabilidade* “apenas” precisava de 300.000€ para ter mensalmente 1.000€. Pareceu-me que não era assim tão complicado atingir este valor se consegui poupar agressivamente durante vários anos.

Quando fiz mais algumas contas apercebi-me que demoraria 25 anos a atingir este valor com poupança. 25 anos com alguma rentabilidade de certificados de aforro ou obrigações possivelmente seria cerca de 20 anos. Já seria fantástico ter que trabalhar apenas mais 20 anos em de 40 como tinha visto inicialmente na SS.

Investigando um pouco mais comecei a ler sobre retornos em bolsa em média de 10%/ano comprando um ETF que replique o S&P500, o que neste caso reduziria substancialmente os anos que demoraria até ao FIRE.

Foi neste altura que decidi focar-me muito seriamente nos investimentos. Percebi que quanto mais depressa começasse, mais depressa teria a possibilidade de atingir o objetivo de ter património suficiente que me permitesse escolher trabalhar ou não trabalhar.

De facto existem 3 fatores que vão condicionar o nosso património:

  • Dinheiro Investido
  • Tempo
  • Rentabilidade

Dos 3 fatores, o fator tempo é o mais fácil de controlar e devemos investir o mais cedo possível para obtermos o máximo efeito de juro composto (Tema para outro post).

Passado cerca de 2 semanas de me ter cruzado de novo com temas de investimentos, finanças pessoais, e bolsa decidi fazer o meu 1º investimento: Uns simbólicos 10€ num ETF que replicava o Nasdaq 100 para perceber como lidava com a volatilidade. Nestas 2 semanas estava em êxtase ao perceber a importância de investir e como isso poderia permitir-me mudar a minha vida no futuro, na altura devorei o máximo de conteúdo possível sobre o tema quer no instagram, youtube e spotify. Foi desde então que comecei a minha jornada e foi um período que mudou drasticamente a forma como vejo a vida e projeto o futuro.

*A Taxa de rentabilidade 4% advém de um estudo da University of Trinity e é considerada a regra de ouro do movimento FIRE.

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