O meu suficiente

Nos últimos anos tenho lido vários livros de desenvolvimento pessoal.

Um dos que marcou mais as mudanças que tenho vindo a implementar na minha vida foi o “Dinheiro a Vida” de Vicki Robin e Joe Dominguez.

Além das reflexões e da relação que o livro a aborda entre tempo e dinheiro, para mim a grande aprendizagem é pensar naquilo que é suficiente.

Porque é que é tão importante definir qual é o meu suficiente para viver uma vida feliz?

Ora se não o fizer, irei sempre ter uma posição de chegar mais longe e quanto mais avanço fico com a sensação de estar perto de atingir a felicidade.

Por exemplo, se eu atingi uma função na minha carreira e não tenho definido até onde pretendo chegar, nunca vou estar satisfeito. Posso chegar a CEO?

Obviamente que sim, o problema é do que tenho abdicar para chegar lá.

Atualmente decidi que valorizo muito mais o tempo sozinho, para ler, ouvir podcasts, fazer exercício físico, estar com a minha cadela, ter disponibilidade e tempo para estar com a minha família e amigos. Para isso decidir abrandar na minha carreira, sair da empresa em que estava e onde fazia habitualmente 12h/dia.

Para refletir, partilho convosco esta pequena história adaptada do livro 4h por semana do Tim Ferriss.

“Um homem de negócios americano passou umas férias numa pequena aldeia costeira mexicana. Na primeira manhã foi até ao cais da cidade.

Um pequeno barco com apenas um pescador tinha acostado e dentro estavam vários atuns. O americano elogiou o mexicano pela qualidade do peixe.


– Quanto tempo demorou a apanhá-los? – perguntou.
– Pouco tempo. – replicou o mexicano num inglês surpreendentemente correcto.
– Porque não fica mais tempo no mar e apanha mais peixe? – perguntou então o americano.
– Tenho o suficiente para sustentar a minha família e dar alguns aos amigos. – explicou, enquanto os descarregava um cesto.
– Mas…o que faz no resto do tempo?
O mexicano ergueu os olhos e sorriu:


– Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, faço uma siesta com a minha mulher, Julia, e vou até à aldeia todas as noites, onde bebo vinho e toco viola com os amigos. Tenho uma vida cheia e ocupada, señor.


O americano riu-se e ergueu a cabeça.
– Caro senhor, tenho um MBA por Harvard e posso ajudá-lo. Devia passar mais tempo a pescar e, com os lucros, comprar um barco. Dentro de pouco tempo podia comprar vários, porque apanhava mais peixe. Podia, por fim, ter uma frota de barcos de pesca. Em vez de vender o que apanhasse a um intermediário, podia fazê-lo diretamente aos consumidores, abrindo por fim a sua própria fábrica de conservas. Controlaria o produto, processamento e distribuição. Precisaria de sair desta pequena aldeia piscatória, claro, e mudar-se para a Cidade do México, depois para Los Angeles e, por fim, para Nova Iorque, onde podia dirigir a sua empresa em expansão com a gestão adequada.
– Mas, e então depois, señor?
O americano riu-se e acrescentou:
– Essa é a parte melhor. Quando chegasse a altura certa, anunciaria uma oferta pública inicial, venderia as ações da empresa ao público e ficaria muito rico. Faria milhões.
– Milhões señor? E depois?


Então reformava-se e mudava-se para uma pequena aldeia piscatória, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os miúdos, faria siestas com a sua mulher e iria todas as noites até à aldeia, onde poderia beber vinho e tocar viola com os seus amigos.

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